Fed pode anunciar um Corte de 25bps para 3,50%, Mas Sinaliza o "Enterro" da Meta de 2% - DXY, Gold Silver

Igor Pereira · Quarta em 05:48

O mercado espera que Jerome Powell anuncie hoje um corte na taxa de juros de 25 pontos-base, trazendo-a para 3,50%. Mas não se enganem: isso não é um alívio. Ler as entrelinhas revela que esta é a "misericórdia final" antes que as portas da liquidez se fechem.

Por Igor Pereira, Analista de Mercado Financeiro, Membro Junior WallStreet NYSE

O mercado já precificou 87% de chance desse corte; a notícia real, que a grande mídia vai perder, é a probabilidade de 77% de uma PAUSA em janeiro. Estamos testemunhando a transição formal da resposta à crise para a aceitação estrutural de juros mais altos.

O "Vazio de Dados" e a Bifurcação do Sonho Americano

O Fed está voando às cegas. O desligamento do governo criou um vácuo de dados: não há taxa de desemprego oficial de outubro e os dados do BLS de novembro só chegam em meados de janeiro. Powell está tomando a decisão mais consequente da década sem o quadro completo. E os números que temos mostram uma economia fraturada:

Pequenas Empresas: Sangraram 120.000 empregos em novembro.
Grandes Corporações: Adicionaram 90.000 empregos.
ADP: Montante mensal de 32.000 , inferior ao de abril de 2020.
JOLTS: Ainda mostra 7,67 milhões de vagas, sugerindo que o mercado de trabalho não está enfraquecendo, mas se dividindo. Duas Américas emergem: uma próspera (corporativa) e uma se afogando (pequenos negócios).

A Nova Realidade: Inflação Piso de 3%

A meta de 2% do Fed é agora uma memória distante. A inflação permanece ancorada em 3%, e esse nível tornou-se o novo piso, não o teto. O "Dot Plot" provavelmente mostrará apenas um ou dois cortes em 2026. Tradução: taxas elevadas durante todo o próximo ciclo presidencial. Com o mandato de Powell terminando em maio de 2026 e Kevin Hassett aguardando nos bastidores, a coletiva de hoje pode ser o último grande pivô de Powell.

IMPACTOS DE MERCADO (Curto e Médio Prazo)

ATENÇÃO: Coletiva de Imprensa de Jerome Powell hoje às 16h30 (Horário de Brasília).

DÓLAR (DXY) - VIES: ALTO (ALTA)
- Análise: O corte de hoje já estava no preço. A narrativa de "pausa em janeiro" e "taxas elevadas em 2026" é combustível para o dólar. Se o mercado perceber que o Fed aceitou uma inflação de 3% e manterá os juros nominais altos para combatê-la, o carry do dólar permanece atraente contra moedas mais fracas. A resiliência das grandes corporações também atrai capital estrangeiro.
OURO (XAU/USD) - VIÉS: VOLATILIDADE / ALTA ESTRUTURAL
- Análise: Inicialmente, pode haver pressão de venda se o mercado focar na "pausa" e na falta de cortes agressivos futuros (juros reais altos são ruins para o ouro). No entanto, a admissão tácita de que a inflação de 3% é o novo piso é o maior argumento bullish possível para o ouro no longo prazo. Ouro é a proteção contra a desvalorização monetária estrutural.
- Estratégia: Quedas causadas pelo discurso "hawkish" hoje devem ser vistas como oportunidades de compra, pois a tese de "debasement" (envilecimento da moeda) foi confirmada.
PRATA (XAG/USD) - VIÉS: MISTO / PRESSÃO
- Análise: A prata sofre com a dualidade. O lado monetário (inflação de 3%) é positivo, mas o lado industrial é preocupante. O dado de que pequenas empresas (a espinha dorsal da economia real) perderam 120.000 empregos sinaliza recessão na economia física. Isso pode pesar na demanda industrial da prata no curto prazo, fazendo-a performar pior que o ouro.

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