Discurso Trump volta a acalmar os mercados, mas mantém discurso protecionista: o que esperar agora?

[Igor Pereira]

Análise Profunda – Igor Pereira | ExpertFX School

Trump volta a acalmar os mercados, mas mantém discurso protecionista: o que esperar agora?

O presidente Donald Trump voltou a adotar um tom mais moderado em relação ao Irã e à China nesta sexta-feira (25), sinalizando disposição para negociações e, ao mesmo tempo, reforçando que as tarifas não serão totalmente retiradas sem concessões significativas. Essa postura mista traz efeitos importantes para os mercados globais, principalmente commodities como ouro, prata, cobre, e ativos de risco como ações e moedas emergentes.

---

🧩 Principais declarações e suas implicações

• "A situação no Irã está indo bem" / "Estamos lidando com os mais altos escalões"

  Indica que há avanços diplomáticos, o que reduz momentaneamente o risco geopolítico na região do Golfo Pérsico – fator que tradicionalmente sustenta os preços do petróleo e do ouro.

• "Acordo com o Irã é simples. Eles não podem ter uma arma nuclear."

  Confirma que o foco dos EUA continua sendo o controle nuclear, não necessariamente um acordo econômico, o que deixa espaço para tensões futuras, ainda que momentaneamente aliviadas.

• "Não vai retirar as tarifas da China a menos que eles nos deem algo" / "Outra pausa tarifária é improvável"

  Confirma a postura intransigente nas negociações com Pequim, sugerindo que, apesar da retórica suavizada, o núcleo da guerra comercial segue intacto. O impacto disso nos mercados é altamente relevante: o alívio pode ser temporário.

---

📉 Impacto imediato no mercado financeiro

1. Ouro (XAU/USD)
Com a perda do suporte técnico de US$ 3.400 e agora também abaixo dos US$ 3.300, o ouro confirma exaustão de alta. O tom mais diplomático de Trump diminui o apelo do ouro como porto seguro. A correção pode se aprofundar para a região dos US$ 3.200 – US$ 3.100 no curto prazo.

2. Dólar (DXY)
O DXY rompeu resistências importantes e está retomando força, o que reforça a pressão sobre as commodities e moedas emergentes. O fundo do dólar pode ter sido formado, o que é altamente bearish para metais preciosos.

3. Cobre (HG1!)
Historicamente, o cobre forma topos importantes em maio. Com o movimento recente acima do 61,8% de Fibonacci – o mesmo padrão que precedeu o colapso de 2008 –, há forte sinal técnico de que o topo já foi registrado.

4. Ações (S&P 500 / Nasdaq)
O mercado acionário está em “modo celebração”, mas isso parece um clássico relief rally. A resistência de 61,8% de Fibonacci sugere limitação do upside. A tendência de médio prazo continua apontando para correção, principalmente se a guerra comercial persistir.

5. Prata (XAG/USD) e mineradoras
O movimento de alta recente da prata parece ser um bull trap, padrão comum antes de quedas acentuadas. Mineradoras também apresentam sinais de distribuição, sugerindo saída do "smart money".

---

🔍 O que esperar daqui para frente?

• Cenário para o ouro e metais:
  A combinação de retórica suavizada de Trump, valorização do dólar e pico técnico nos metais favorece a tese de correção ampla no complexo de commodities.

• Cenário para ações:
  O mercado deve começar a precificar novamente os riscos macroeconômicos – tarifas elevadas, crescimento global moderado e lucros corporativos pressionados. Espera-se um retorno da volatilidade e possível reversão do atual rali.

• Cenário geopolítico e Irã:
  O tom pacificador de Trump tende a esfriar momentaneamente o prêmio de risco, mas como não há acordo concreto, o risco permanece latente.

---

🧠 Conclusão Estratégica – por Igor Pereira

A aparente trégua é apenas emocional. O mercado está aliviado, mas não seguro. As tarifas seguem elevadas, o dólar em retomada e os metais mostrando exaustão. Este é o momento de cautela, não de euforia.

🔔 Traders e investidores devem considerar:

• Realização de lucros em posições compradas em ouro e prata.

• Monitorar dados institucionais para possível reversão.

• Avaliação de posições defensivas ou de hedge para o mercado acionário.

• Monitoramento próximo do USD Index e do VIX para sinais de reversão macro.