Igor Pereira Postado Maio 20 Denunciar Share Postado Maio 20 🌍 De-dollarização acelera e ouro se consolida como ativo global neutro Por Igor Pereira — Analista de Mercado Financeiro, Membro WallStreet NYSE Análise PREMIUM Apesar de o dólar americano ainda manter o status de principal moeda de reserva mundial, as rachaduras nessa hegemonia estão cada vez mais visíveis. Com o avanço da desdolarização e o surgimento de um regime monetário multipolar, o ouro reaparece como o ativo neutro por excelência, capaz de preservar valor em meio à instabilidade cambial e fiscal global. 📉 O declínio estrutural do dólar O domínio do dólar foi institucionalizado pelo Acordo de Bretton Woods, em 1944, consolidando sua função como meio de troca global, referência para preços de commodities (como o petróleo) e principal reserva dos bancos centrais. No entanto, as fundamentações desse sistema estão sendo corroídas: A dívida pública dos EUA ultrapassa US$ 33 trilhões; Os pagamentos de juros devem atingir US$ 1 trilhão ao ano já em 2025; A emissão descontrolada de moeda via políticas de afrouxamento quantitativo (QE) inflou o balanço do Federal Reserve e enfraqueceu o poder de compra do dólar; A instabilidade geopolítica — como sanções contra a Rússia e tensões comerciais com a China — alimenta uma reação global de desdolarização. Em 2024, quase metade da nova dívida emitida pelos EUA foi destinada apenas para pagar juros sobre a própria dívida — um ciclo fiscal insustentável. 🧭 O ouro como ativo estratégico em um regime multipolar Na visão de países como China, Rússia e Índia, a emergência de um sistema monetário multipolar exige uma reserva internacional que não seja politizada, sancionável ou inflacionável. O ouro, neste contexto, ganha protagonismo: Dados do FMI mostram queda contínua da participação do dólar nas reservas cambiais globais; Bancos centrais, especialmente dos países BRICS e do Leste Europeu (como a Polônia), estão comprando ouro em ritmo recorde; A China acelera a substituição do dólar por yuan no comércio bilateral, enquanto a Rússia promove trocas comerciais com lastro em ouro. Na Cúpula dos BRICS de 2024, foram discutidas propostas de uma unidade de comércio atrelada ao ouro, desafio direto à supremacia do petrodólar. 📊 Riscos crescentes nos Treasuries e na economia americana A taxa dos Treasuries ultrapassa 4,5%, refletindo desconfiança global na solvência americana. Desde o início das guerras tarifárias na gestão Trump, a volatilidade nos títulos públicos se intensificou, e hoje a “exorbitante vantagem” do dólar começa a se desfazer. A política fiscal dos EUA segue um padrão de endividamento insustentável e estímulo desenfreado, que está minando o próprio alicerce da moeda. A cultura de consumo e crédito, tanto do governo quanto dos cidadãos, expôs uma fragilidade estrutural que não pode mais ser ignorada pelos parceiros comerciais globais. 🧠 Análise de Igor Pereira “O colapso do dólar não será um evento isolado, mas uma transição sistemática para uma nova ordem monetária. O ouro está se reposicionando, não como um ativo especulativo, mas como o porto seguro definitivo em um cenário de estagflação e quebra de confiança no dólar.” A fala de Peter Schiff também resume bem a gravidade do quadro: “Stagflação — recessão com inflação e juros altos — é o cenário que o Fed nunca testou. Se isso se materializar, o sistema entra em choque.” 🪙 Ouro: mais que hedge, é necessidade estratégica A escalada no preço do ouro em 2025 reflete não só a inflação, mas uma mudança estrutural na percepção de risco. O ouro hoje supera ações, títulos e moedas em desempenho, mas seu valor real reside em sua função atemporal de reserva de valor em tempos de colapso fiduciário. Enquanto o apetite global por dólares diminui, o impacto será direto sobre: Desvalorização dos ativos americanos, especialmente Treasuries; Pressão sobre o mercado de ações e imóveis, altamente dependentes da estabilidade do dólar; Volatilidade sistêmica nos mercados globais, à medida que o dólar perde o papel de pilar da liquidez internacional. 🔚 Conclusão Estamos vivendo o início do fim de uma era monetária. O dólar, antes sustentado por sua força militar, política e econômica, enfrenta agora seu maior desafio: a perda de confiança. A transição para um sistema multipolar é inevitável, e o ouro, ao que tudo indica, será o ativo central dessa nova arquitetura. O colapso do dólar não será como 2008. Será maior. E quanto mais ele for adiado, mais severas serão suas consequências. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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