Igor Pereira Postado Junho 3 Denunciar Share Postado Junho 3 📉 Tesouro dos EUA realiza maior recompra de títulos da história: Bessent assume protagonismo diante da inércia do Fed Por Igor Pereira – Analista de Mercado, Membro WallStreet NYSE Em um movimento histórico e amplamente interpretado como uma forma indireta de quantitative easing (QE lite), o Tesouro dos EUA, sob liderança do secretário Steve Bessent, executou nesta terça-feira a maior recompra de Treasuries já registrada, no valor de US$ 10 bilhões, em meio à escalada persistente dos rendimentos e à paralisia do Federal Reserve. 🧠 Contexto: pressão extrema no mercado de títulos Desde meados de abril, o mercado de Treasuries vem enfrentando uma pressão aguda, provocada por três vetores principais: Rumores de venda de Treasuries por China e Japão para estabilizar suas moedas, após a “Liberação Econômica” anunciada por Trump em abril. Desmonte da operação de base (basis trade) estimada em US$ 2 trilhões, expondo o mercado a liquidações forçadas. Inércia do Fed, que mesmo diante do colapso do núcleo do PCE para o menor nível desde o crash da Covid-19, se recusa a cortar juros ou retomar QE. Foi nesse cenário que Bessent indicou, em entrevista à Bloomberg, que "se o Fed não agir, o Tesouro o fará", sinalizando o uso do “grande kit de ferramentas” à disposição da autoridade fiscal americana. 🛠️ A recompra histórica de US$ 10 bilhões Embora o Tesouro já viesse realizando operações semanais de recompra desde abril de 2024, o volume desta terça-feira marca um novo patamar na intervenção do governo no mercado secundário de dívida soberana: Montante: US$ 10 bilhões (recorde histórico). Duração dos títulos resgatados: curto prazo (maturações entre julho de 2025 e maio de 2027). Justificativa: conter a escalada dos juros e restaurar liquidez no segmento de dívida de curto prazo. E não para por aí: amanhã (quarta-feira), está programada uma nova recompra, agora com foco em títulos de 10 a 20 anos (2036–2045), com valor dobrado para US$ 2 bilhões, comparado à última recompra similar de US$ 1 bilhão realizada em 6 de maio. 🧮 Estratégia Bessent vs. Estratégia Yellen O que se desenha no horizonte é uma mudança estrutural no modo como o Tesouro gere sua atuação no mercado: Yellen (2023–2024): foco em emissão ativa (Activist Issuance) para rolagem de dívida e financiamento de programas fiscais. Bessent (2025): foco em recompras ativas (Activist Buyback) para suporte direto ao mercado secundário, atuando como um "mini Fed". Essa transição marca um reposicionamento do Tesouro como agente direto de estabilização macrofinanceira, especialmente em um contexto em que o Fed tem evitado se comprometer com novos estímulos. 📊 Impacto nos mercados financeiros 🔹 Tesouro dos EUA (Yields) A recompra atua como força compradora nos Treasuries, artificialmente baixando os yields e estabilizando o segmento de longo prazo. 🔹 Dólar (USD) Intervenções desse tipo tendem a enfraquecer o dólar, especialmente se o mercado enxergar uma monetização implícita da dívida via Tesouro. 🔹 Ouro (XAU/USD) O ouro pode se beneficiar duplamente: Pela queda dos rendimentos reais dos Treasuries. Pelo enfraquecimento do dólar, além da percepção de risco fiscal sistêmico. 🔹 Ações (S&P 500) O mercado acionário tende a reagir positivamente no curto prazo, interpretando a recompra como um alívio financeiro indireto, especialmente para bancos e seguradoras com grande exposição a Treasuries. 🧭 O que esperar? Ampliação das recompras nas próximas semanas, com foco em títulos de longa duração. Crescimento da pressão política sobre o Fed para retomar estímulos monetários. Possível revisão da estratégia de endividamento do Tesouro — combinando emissão curta com recompras longas, para modular o risco de refinanciamento. Mais volatilidade nos mercados, à medida que investidores reavaliam o papel institucional do Tesouro como “quase-Fed”. 💬 Comentário do analista Igor Pereira – ExpertFX School “Estamos a testemunhar uma transição inédita: o Tesouro dos EUA começa a agir como um agente de política monetária ativa. Isso rompe com a tradição institucional e aponta para uma nova era de estímulos híbridos — onde o Tesouro compra sua própria dívida para manter o sistema estável.” “Para os traders de ouro, dólar e Treasuries, o recado é claro: o risco sistêmico está sendo controlado por mecanismos não convencionais. Mas o preço disso pode ser uma crise de confiança no valor real dos ativos soberanos.” Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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