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XAU/USD vs Treasuries encerra melhor semestre desde 2019 e aposta em cortes do Fed a partir de julho


Igor Pereira

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Mercado de Treasuries encerra melhor semestre desde 2019 e aposta em cortes do Fed a partir de julho

Análise Premium
Por Igor Pereira, Analista de Mercado Financeiro – ExpertFX School
Membro Junior WallStreet NYSE

Mesmo após enfrentar um primeiro semestre repleto de volatilidade e choques políticos e geopolíticos, o mercado de títulos do Tesouro dos Estados Unidos (Treasuries) surpreendeu positivamente, encerrando o melhor desempenho semestral em cinco anos. A recuperação foi consolidada por uma sequência de três semanas consecutivas de ganhos, com investidores agora se posicionando para uma possível nova perna de valorização — especialmente com o relatório de empregos de junho, que será divulgado antes do feriado de 4 de julho.

Segundo dados da LSEG Workspace, os Treasuries registraram o melhor retorno mensal desde fevereiro, com o rendimento da nota de 10 anos próximo de 4,28%, em mínimas de dois meses, refletindo o otimismo renovado com a possibilidade de cortes de juros ainda em 2025.

Pressões do primeiro semestre

O desempenho positivo ocorreu mesmo diante de uma série de fatores adversos:

  • Políticas fiscais e comerciais imprevisíveis do governo Trump,

  • Ameaças tarifárias renovadas com prazo até 9 de julho,

  • Conflitos geopolíticos e

  • O rebaixamento da nota de crédito soberana dos EUA pela Moody’s.

Ainda assim, os investidores se mostraram resilientes, impulsionados pela expectativa de que o Federal Reserve corte juros pelo menos duas vezes até o final do ano, com apostas já se estendendo para um ciclo mais agressivo em 2026.

Posição técnica e fluxos institucionais

  • Opções de juros estão mostrando forte atividade, indicando apostas tanto em quedas de rendimento quanto em uma aceleração do ciclo de afrouxamento monetário;

  • Os gestores estão preferindo papéis com prazo entre 5 e 10 anos, que se beneficiam mais intensamente em ciclos de corte de juros;

  • Leitura do mercado aponta para quase 20% de chance de corte já em julho, e probabilidade próxima de 100% para setembro.

A precificação é reflexo direto das expectativas quanto ao relatório de empregos de junho: o mercado projeta criação de 113 mil postos de trabalho, abaixo dos 139 mil do mês anterior, e taxa de desemprego subindo para 4,3% — o nível mais alto desde 2021.

Divergência dentro do Fed e risco de erro de política

A comunicação do Federal Reserve segue fragmentada: enquanto o presidente Jerome Powell adota postura cautelosa, aguardando clareza nos dados antes de cortar, parte do mercado teme que o banco central esteja ficando atrás da curva, sobretudo se os dados de inflação e emprego continuarem enfraquecendo.

Segundo Jamie Patton, do TCW Group, “há mais de uma dúzia de pilotos no cockpit, todos discordando sobre a altitude da chegada”, o que eleva o risco de erro de política monetária. A gestora prefere títulos de 2 e 5 anos, que respondem com mais intensidade a mudanças rápidas nos juros.

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Expectativas das grandes instituições

  • Bank of America espera que o rendimento de 2 anos feche 2025 em 3,75% e o de 10 anos em 4,50% — próximo dos níveis atuais;

  • JPMorgan projeta que o Fed só cortará em dezembro, seguido por três cortes adicionais em 2026, com o rendimento de 10 anos em 4,35% até o final do ano;

  • Morgan Stanley é mais dovish: vê o rendimento do Treasury de 10 anos caindo para 4% ainda em 2025 e chegando a 3% até o fim de 2026, com cortes agressivos no próximo ano.

O que esperar

O payroll de junho será decisivo para definir a probabilidade de corte já em julho. Um número mais fraco pode destravar as apostas para um alívio monetário imediato, enquanto um dado mais forte pode forçar o Fed a aguardar até setembro, mantendo o mercado em compasso de espera.

Ao mesmo tempo, as incertezas fiscais, as negociações comerciais da Casa Branca e a fragmentação dentro do comitê de política monetária (FOMC) mantêm o ambiente carregado e sujeito a reprecificações bruscas.

🟨 Impacto do Mercado de Treasuries no XAU/USD (Ouro)

1. Correlação inversa ouro vs. yields dos Treasuries

O ouro (XAU/USD) possui uma correlação inversa com os rendimentos (yields) dos Treasuries, especialmente os títulos de 10 anos (US10Y):

  • Quando os yields caem, o custo de oportunidade de manter ouro (que não paga juros) diminui, o que aumenta sua atratividade;

  • Quando os yields sobem, o ouro tende a corrigir, já que os investidores migram para ativos que oferecem rendimento real ajustado.

🟡 Situação atual:
Com os yields em queda e expectativas crescentes de corte de juros pelo Fed, o ambiente torna-se favorável para o ouro, sobretudo como proteção contra desaceleração e incerteza monetária.


2. Expectativa de cortes de juros: catalisador altista para o ouro

O mercado está precificando ao menos dois cortes de juros até o final de 2025, com possibilidade de antecipação para julho, caso o payroll decepcione. Isso:

  • Desvaloriza o dólar no médio prazo;

  • Reduz os rendimentos reais dos Treasuries (considerando inflação), o que fortalece o XAU/USD;

  • Estimula fluxo institucional para ativos alternativos, como ouro e criptomoedas, em busca de proteção e diversificação.

📈 Resultado potencial para o XAU/USD:
Cenário altamente construtivo no médio prazo, com potencial de buscar novamente a zona de US$ 3.400 a US$ 3.450, caso os dados do payroll confirmem fraqueza.


3. Fator de incerteza fiscal e política de Trump

Com Donald Trump pressionando por nova rodada de cortes de impostos e ampliando o déficit fiscal, e com o rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Moody’s:

  • A confiança no dólar e nos Treasuries como reserva de valor começa a enfraquecer;

  • O ouro se torna refúgio de longo prazo institucional para bancos centrais, fundos soberanos e grandes gestoras;

  • A acumulação estratégica de ouro por China, Índia e bancos centrais emergentes deve continuar, sustentando o preço.


4. Cenário técnico atual do ouro (XAU/USD)

  • Suporte principal: US$ 3.180

  • Zona de defesa crítica: US$ 3.050

  • Resistência chave: US$ 3.400

  • Média de 50 dias foi perdida, indicando fraqueza no curto prazo, mas volatilidade implícita (GVZ) está baixa, abrindo espaço para reversão caso o payroll seja fraco.

📌 Estratégia recomendada:

  • Para swing traders: considerar call spreads de 1 mês caso o ouro reaja positivamente ao payroll;

  • Para proteção: puts de curto prazo (US$ 3.200) continuam baratos e são úteis caso yields revertam temporariamente.


📊 Conclusão: O que esperar para o XAU/USD

O ouro está em modo de espera técnica, pressionado no curto prazo, mas fundamentalmente apoiado por três pilares:

  1. Expectativas crescentes de corte de juros;

  2. Incerteza fiscal e geopolítica dos EUA;

  3. Acumulação estrutural por bancos centrais e investidores institucionais.

Se o payroll desta semana vier fraco, o XAU/USD pode reverter a correção atual e buscar novas máximas. Caso venha forte, pode testar os US$ 3.180 com risco ampliado até US$ 3.050 antes de retomar o movimento de alta.


Opinião do analista Igor Pereira

A performance do mercado de Treasuries no primeiro semestre mostra o poder de reação dos fluxos institucionais diante de incertezas. A tese de “duration trade” continua forte: quanto mais sinais de desaceleração econômica e inflação controlada, maior a justificativa para antecipar cortes de juros.

No cenário atual, considero atrativa a exposição tática em títulos entre 5 e 10 anos, bem como a montagem de estruturas com opções de juros. O payroll desta quinta-feira será o divisor de águas: dados mais fracos podem destravar uma rotação completa nos rendimentos, com busca acelerada por duration até o final do verão americano.

O risco central permanece na comunicação do Fed: uma postura excessivamente atrasada pode forçar o banco a cortar de forma mais agressiva em 2026, elevando o risco de um pouso forçado.

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