ANALISTA Igor Pereira Postado Agosto 12 ANALISTA Denunciar Share Postado Agosto 12 Nos últimos anos, os bancos centrais tornaram-se a força predominante nos mercados financeiros, com decisões de afrouxamento ou aperto monetário influenciando todos os tipos de ativos — de títulos públicos a private equity. Embora suas funções oficiais sejam controlar a inflação, garantir estabilidade de preços e assegurar o funcionamento normal dos mercados, a evidência histórica sugere que o sucesso em atingir esses objetivos é limitado. Desde a sua criação, a atuação dos bancos centrais tem sido marcada por ciclos de boom e recessão, crises financeiras recorrentes e incentivos que acabam estimulando endividamento público e privado, além de uma inflação persistente. Falhas na Prevenção de Crises Pesquisas como as de Laeven e Valencia mostram que, entre 1970 e 2011, houve 147 crises bancárias em um período de quase domínio universal dos bancos centrais. Em um terço desses casos, houve um boom de crédito anterior, frequentemente induzido por taxas de juros artificialmente baixas. Estudos de Reinhart e Rogoff reforçam que a frequência das crises não caiu com a consolidação do papel dos bancos centrais. Em vez disso, as crises mudaram de forma, com “crises gêmeas” (bancária e cambial) permanecendo comuns, e com impactos fiscais e perdas econômicas cada vez maiores. De Credores de Última Instância a Credores de Primeira Instância O modelo atual transformou bancos centrais de “lenders of last resort” para “lenders of first resort”, realizando programas cada vez maiores de compra de ativos e mantendo juros reais negativos. Essas políticas, ao mascararem riscos sistêmicos, tendem a adiar correções necessárias e a tornar as crises seguintes mais severas. Prioridade: Sustentar Dívidas Soberanas No cenário atual, o foco parece ter se deslocado da estabilidade de preços para o suporte à dívida pública. Em 2025, vencimentos globais de dívida devem atingir US$ 2,78 trilhões. Espera-se que bancos centrais mantenham políticas acomodatícias, mesmo diante de inflação persistente, para evitar tensões sobre emissores soberanos. Taxas artificialmente baixas e programas de compra de ativos incentivam déficits fiscais contínuos e endividamento crescente. Consequências para Mercados e Economia Inflação: Mantida por políticas expansionistas prolongadas. Dívida pública: Crescente, com risco de perda de credibilidade fiscal. Ativos financeiros: Inflação de preços de ativos e aumento da alavancagem. Pequenos negócios e famílias: Sofrem com inflação elevada e, posteriormente, com o aperto monetário. 💬 Opinião de Igor Pereira “O histórico recente demonstra que os bancos centrais não eliminam as crises; apenas as transformam, muitas vezes ampliando seus impactos. Ao priorizar a sustentabilidade da dívida pública em detrimento da estabilidade de preços, essas instituições transferem o custo para a sociedade por meio de inflação e perda do poder de compra. Para o investidor, isso significa operar em um ambiente onde política monetária e fiscal estão cada vez mais interligadas, exigindo atenção redobrada aos ciclos de crédito e liquidez.” 📌 Análise por Igor Pereira — Analista de Mercado Financeiro, fundador da ExpertFX School e membro do Junior Board da WallStreet NYSE. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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