ANALISTA Igor Pereira Postado Setembro 12 ANALISTA Denunciar Share Postado Setembro 12 Enquanto Wall Street celebra o "Rali da Libertação" impulsionado pela expectativa de cortes de juros, os dados fiscais divulgados hoje pelo Tesouro Americano pintam um quadro sombrio e insustentável. A euforia do mercado com a liquidez iminente do Fed mascara uma verdade inconveniente e perigosa: a saúde fiscal dos Estados Unidos está se deteriorando a uma velocidade alarmante. Por Igor Pereira, Analista de Mercado Financeiro, ExpertFX School Após uma breve esperança de disciplina fiscal no início do ano, os números de agosto confirmam o retorno ao que só pode ser descrito como um gasto descontrolado, colocando o país de volta em uma trajetória de colisão com a realidade de sua dívida. Análise dos Dados: Um Desastre em Números Vamos dissecar os dados do balanço do Tesouro de agosto, pois eles são a fundação para entendermos os riscos de longo prazo que se acumulam sob a superfície do mercado. O Déficit Explode: O déficit orçamentário de agosto atingiu $345 bilhões, o maior do ano calendário de 2025 e o segundo pior mês de agosto na história dos EUA. O déficit acumulado no ano fiscal, a apenas um mês de seu fim, já chega a $1,974 trilhão, posicionando 2025 como o terceiro pior ano da história fiscal americana, superado apenas pelos anos da pandemia Gastos em Nível Máximo: O governo gastou $689 bilhões em agosto, o maior valor mensal do ano fiscal. Isso demonstra que qualquer esforço para conter as despesas fracassou. Na minha opinião, isso prova que o gasto governamental se tornou um vício político, imune a apelos por responsabilidade fiscal. A Miragem das Tarifas: A única notícia "boa" foi a receita gerada pelas novas tarifas da "guerra comercial 2.0", que chegaram a quase $30 bilhões. No entanto, esta é uma faca de dois gumes. Embora a receita tenha aumentado 12,3% em relação ao ano anterior, se removermos o efeito das tarifas, a arrecadação do governo teria ficado estagnada. Estamos, essencialmente, taxando o comércio para pagar as contas, uma estratégia que pode gerar inflação e desacelerar o crescimento no longo prazo. O Dado Mais Assustador: Juros da Dívida Superam o Orçamento de Defesa Aqui reside o verdadeiro cerne da crise. Em agosto, os EUA gastaram $111,5 bilhões apenas em juros sobre sua dívida. Isso eleva o total gasto com juros no ano fiscal para um recorde de $1,124 trilhão. Para colocar isso em perspectiva: O pagamento de juros agora consome mais de 23% de toda a receita de impostos do governo. Os juros são agora a segunda maior categoria de despesa do governo americano, superando com folga o orçamento de Defesa, a segurança social e os gastos com saúde. A única despesa maior é a Previdência Social (Social Security). Minha Análise (Igor Pereira): Estamos nos aproximando perigosamente do ponto de não retorno, um cenário conhecido como "espiral da dívida", onde o governo precisa emitir nova dívida simplesmente para pagar os juros da dívida antiga. Com a dívida total crescendo cerca de $1 trilhão a cada 100 dias, esse problema só vai piorar. A conclusão do artigo original, que o governo é "inconsertável", parece cada vez mais uma observação factual do que uma opinião. Implicações para o Ouro e o Dólar Enquanto a festa da liquidez do Fed impulsiona as ações no curto prazo, esta deterioração fiscal é o principal motor para a tese de alta estrutural e de longo prazo para o ouro. Ouro (XAU/USD): O ouro é o antídoto para a má gestão fiscal. Cada bilhão adicionado ao déficit, cada dólar impresso para financiar os gastos, corrói o valor do dólar e aumenta o apelo do ouro como uma reserva de valor real e finita. Os investidores de longo prazo e os bancos centrais (como a China) não estão comprando ouro por causa dos dados de inflação de amanhã; eles estão comprando por causa de gráficos como estes. Dólar (USD): A trajetória de longo prazo para o dólar é inequivocamente de baixa. Um país que precisa imprimir dinheiro para pagar suas contas e cujos gastos com juros superam seu orçamento militar não pode sustentar o status de moeda de reserva mundial indefinidamente. Os movimentos que vemos hoje no mercado de câmbio são apenas os tremores iniciais do terremoto que está por vir. Conclusão: Não se deixe enganar pelo rali de curto prazo nos mercados de ações. A fundação sobre a qual ele está construído é fiscalmente podre. A crise da dívida americana não é mais uma teoria para o futuro distante; é uma realidade matemática que se desenrola diante de nossos olhos. Para o investidor estratégico, a mensagem é clara: a necessidade de ter ativos de refúgio reais e fora do sistema fiduciário nunca foi tão grande. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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