ANALISTA Igor Pereira Postado Setembro 19 ANALISTA Denunciar Share Postado Setembro 19 Os dados mais recentes do Tesouro dos EUA sobre a posse de títulos por estrangeiros foram divulgados, e a manchete é, à primeira vista, um sinal de imensa força para o dólar: as posses estrangeiras totais de dívida americana aumentaram em $32 bilhões em julho, atingindo um novo recorde histórico de $9,16 trilhões. Por Igor Pereira, Analista de Mercado Financeiro e Membro Junior WallStreet NYSE No entanto, uma análise mais profunda revela uma história muito mais complexa e preocupante: uma grande divergência entre os aliados dos EUA e seus rivais estratégicos, com a China acelerando sua fuga do dólar. A História da Superfície: Aliados Compram em Ritmo Forte A narrativa otimista é sustentada por compras robustas dos principais parceiros dos EUA: 🇪🇺 Eurozona: Comprou $44 bilhões, elevando suas posses para um recorde de $1,91 trilhão. 🇬🇧 Reino Unido: Adicionou $41 bilhões, estabelecendo um novo recorde de $899 bilhões. 🇯🇵 Japão: Aumentou suas posses em $4 bilhões, para $1,15 trilhão. Isso mostra que, no bloco de nações alinhadas aos EUA, a demanda por títulos americanos continua forte, sustentando o papel central do dólar em seu sistema financeiro. A Verdadeira Notícia Estratégica: A Fuga da China Enquanto os aliados compravam, a China fez o movimento oposto e de forma agressiva. 🇨🇳 China: Vendeu $26 bilhões de seus títulos do Tesouro, reduzindo suas posses para apenas $731 bilhões. Para colocar em perspectiva, este é o nível mais baixo de posses de dívida americana pela China desde dezembro de 2008. Não se trata de um ajuste mensal, mas da continuação de uma política de desdolarização estratégica e de longo prazo. Implicações para o Dólar, Ouro e Mercados Este relatório é a imagem perfeita da fratura geopolítica que está ocorrendo no sistema financeiro global. Dólar (USD): A curto prazo, a forte demanda dos aliados ajuda a sustentar o dólar. A longo prazo, no entanto, a venda contínua por um player do tamanho da China corrói a base da hegemonia do dólar como o ativo de reserva indiscutível. Ouro (XAU/USD): A implicação para o ouro é imensamente altista. A pergunta óbvia é: para onde estão indo os dólares que a China recebe ao vender seus títulos? A resposta mais lógica é que uma parte significativa está sendo convertida em ouro, um ativo de reserva neutro, sem risco de contraparte e que pode ser armazenado domesticamente. A venda de títulos pela China e a demanda recorde por ouro no Oriente são dois lados da mesma moeda estratégica. Mercado de Títulos (Juros): A saída de um comprador tão grande como a China significa que outros terão que absorver essa oferta. Para isso, é provável que exijam juros mais altos no futuro, colocando uma pressão estrutural de alta nos custos de financiamento do governo americano. Conclusão: Não se engane com a manchete. O dado mais importante deste relatório não é o recorde de posses, mas sim a aceleração da venda por parte da China. Esta grande divergência é uma tendência lenta, mas poderosa, que reforça a necessidade estratégica de manter ativos fora do sistema do dólar, com o ouro sendo o principal beneficiário. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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