ANALISTA Igor Pereira Postado Setembro 26 ANALISTA Denunciar Share Postado Setembro 26 Em meio a um intenso debate sobre a desdolarização e a saúde fiscal dos EUA, um mito comum que circula no mercado é o de que os investidores estrangeiros estariam abandonando em massa a dívida americana. Os dados mais recentes da Bloomberg, no entanto, contam uma história radicalmente diferente: a demanda estrangeira por títulos do Tesouro dos EUA não apenas continua robusta, como atingiu um novo recorde histórico de mais de $9,15 trilhões. Por Igor Pereira, Analista de Mercado Financeiro, ExpertFX School Contudo, por trás deste número recorde, esconde-se uma grande divergência geopolítica que é crucial para entendermos a dinâmica atual do capital global. Os Fatos: Uma Demanda Liderada por Aliados Os dados são inequívocos. Desde janeiro de 2020, o total de títulos do Tesouro dos EUA detidos por estrangeiros aumentou em mais de US $ 2,1 trilhões , um crescimento de mais de 30%. A questão principal é: quem está comprando? A resposta é clara: aliados estratégicos dos EUA. Reino Unido: Aumentou suas posses em +$449 bilhões. França: Aumentou em +$258 bilhões. Canadá: Aumentou em +$223 bilhões. Bélgica: Aumentou em +$221 bilhões. Minha Análise: A atratividade dos títulos americanos para esses países se baseia em três pilares: (1) Rendimentos (Yields) relativamente mais altos em comparação com suas próprias dívidas soberanas; (2) Liquidez Incomparável, sendo o mercado mais fácil de entrar e sair do mundo; e (3) Segurança Relativa, pois, apesar dos problemas fiscais, a dívida dos EUA ainda é considerada o ativo de refúgio "padrão" do sistema financeiro. A Grande Divergência: A Venda Estratégica da China No entanto, a história não estaria completa sem destacar a exceção mais importante a essa tendência: a China. Como o gráfico de linhas demonstra claramente, enquanto o total de posses estrangeiras (linha amarela) sobe, as posses da China (linha roxa) estão em uma tendência de queda contínua e de longo prazo. Minha Análise: A venda da China não é uma decisão de investimento baseada em rendimentos, mas sim um movimento geopolítico e estratégico. Desdolarização: É a manifestação mais clara da política de longo prazo de Pequim para reduzir sua dependência do sistema financeiro americano e se proteger de potenciais sanções. Reciclagem para Ouro: Para onde está indo esse capital? Como temos documentado exaustivamente, uma parte significativa está sendo reciclada para a compra de ouro físico, um ativo de reserva neutro e fora do controle de qualquer nação soberana. Conclusão de Igor Pereira: Uma Batalha de Narrativas O que os dados nos mostram é uma batalha de narrativas. De um lado, a narrativa financeira de que a dívida dos EUA continua sendo o ativo de refúgio preferido para a maior parte do mundo, especialmente para seus aliados. Do outro, a narrativa geopolítica de um mundo multipolar, onde rivais estratégicos como a China buscam ativamente alternativas ao dólar. Por enquanto, a narrativa financeira está vencendo em termos de volume. A demanda massiva dos aliados está mais do que compensando a venda gradual da China. Isso ajuda a colocar um "piso" sob o dólar no curto prazo e a manter os custos de empréstimo do governo americano sob controle. No entanto, a tendência de venda da China é o fator estrutural que devemos vigiar. Se outros países do bloco BRICS começarem a seguir o exemplo chinês de forma mais agressiva, este frágil equilíbrio pode mudar rapidamente. Citar Link para o comentário Compartilhar em outros sites More sharing options...
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