Mercado Derruba Apostas de Corte de Juros em Dezembro de 95% para 50% – O FED Opera "Às Cegas"

Igor Pereira · Novembro 18

O que antes parecia ser a conclusão inevitável para 2025 – um ciclo agressivo de cortes de juros pelo Federal Reserve – agora se transformou na maior dúvida de Wall Street. Em uma reviravolta dramática, as probabilidades de um corte na taxa de juros em dezembro despencaram de 95% para apenas 50% (agora em 53%) em questão de semanas.

Por Igor Pereira, Analista de Mercado Financeiro, Membro Junior WallStreet NYSE

Esta mudança sísmica no sentimento não se deve a uma súbita força econômica. Pelo contrário, ela é o resultado direto da paralisia de dados causada pelo "shutdown" do governo e de uma profunda divisão interna no FED.

1. O "Blecaute" de Dados e a Paralisia do FED

O "shutdown" prolongado do governo interrompeu a divulgação de dados econômicos oficiais, incluindo os cruciais relatórios de emprego e inflação de outubro.

Minha Análise (Igor Pereira): O FED está agora "voando às cegas". Como Susan Collins, presidente do Fed de Boston, afirmou, na ausência de dados consistentes sobre o mercado de trabalho, ela "hesitaria em afrouxar a política" (cortar juros), mesmo com a inflação ainda sendo uma preocupação. O Fed está preso: ele não pode justificar cortes agressivos sem dados oficiais que confirmem a fraqueza, mesmo que os dados privados (como os da ADP e Challenger que vimos) sugiram um desastre iminente.

2. A Divisão Interna: O Dilema Estagflacionário

A decisão de corte em outubro não foi unânime. Membros votaram por movimentos opostos (um por um corte maior, outro por nenhum corte), expondo a profunda divisão no comitê.

O Dilema: O FED está preso entre duas ameaças:
1. A Inflação: Que permanece bem acima da meta de 2%.
2. A Fraqueza Econômica: Um mercado de trabalho que parecia estar enfraquecendo rapidamente.

Minha Análise: Este é o cenário de estagflação que temos alertado. Dados privados apontam para uma desaceleração severa (cortes de empregos, sentimento do consumidor em mínimas recordes), mas o Fed está com as mãos atadas pela falta de dados oficiais e pelo medo de reacender a inflação.

O próprio Powell admitiu as "visões fortemente divergentes" e alertou que um corte em dezembro "não é uma conclusão inevitável – longe disso."

Conclusão de Igor Pereira: Incerteza Máxima = Combustível para o Ouro

A reviravolta nas apostas do FedWatch, de 95% para 50%, não é um sinal de força do dólar. É um sinal de incerteza máxima e paralisia política.

Para os mercados, a incerteza é veneno. E qual é o antídoto testado pelo tempo para a incerteza, a disfunção governamental e a paralisia do banco central? O Ouro.

O Ouro Prospera na Incerteza: A hesitação do Fed, causada pela falta de dados, apenas reforça a tese de alta do ouro. O mercado agora teme não apenas a inflação ou a recessão, mas também o risco de um erro de política monetária – o Fed ficar parado enquanto a economia afunda.
Tese Fundamental Intacta: A fraqueza econômica é real (como vimos nas revisões massivas do NFP). A dívida é insustentável. O corte de juros foi apenas adiado, não cancelado. O Fed terá que agir.

Esta hesitação e confusão em Wall Street apenas fortalecem a nossa convicção na tese de longo prazo para os metais preciosos. A incerteza é o vento de cauda do ouro.

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