"UNIT": A Verdade Sobre a "Moeda de Ouro" do BRICS, o Squeeze da Prata e o Choque de Re-precificação que Ninguém Espera

[Igor Pereira]

Há um zumbido constante no mercado sobre uma nova "moeda lastreada em ouro" do BRICS, frequentemente chamada de "UNIT". Manchetes sensacionalistas prometem o fim do dólar da noite para o dia. No entanto, a realidade institucional é mais sutil, mas não menos explosiva. O BRICS não adotou oficialmente uma moeda comum única, e seus líderes têm focado em liquidações em moedas nacionais.

Por Igor Pereira, Analista de Mercado Financeiro, Membro Junior WallStreet NYSE

 

O que é o "UNIT", então? É um conceito proposto de unidade de conta e liquidação, ligado a uma cesta composta por 40% de ouro físico e 60% de moedas do BRICS (Brasil Real, Russia Rublo, Rúpia, Yuan), desenhado para operar fora do sistema SWIFT.

 

A Mudança Filosófica: Ouro como Referência, Não Preço

A ideia central do "UNIT" é uma inversão filosófica: medir o valor das moedas em termos de gramas de ouro, e não o ouro em termos de dólares ou euros. Embora ainda seja um projeto piloto em fase de desenvolvimento e não uma política oficial implementada em escala global, a sua simples existência empurra o mundo para uma direção clara: mais ouro nas reservas, mais ouro no pensamento de liquidação comercial e menos fé cega em promessas de papel (IOUs).

 

O Choque de Realocação: A Matemática da Reprecificação

A verdadeira ameaça ao status quo não é política, é matemática. Os mercados de capitais globais são colossais em comparação com o mercado físico de metais. O mercado global de renda fixa gira em torno de $130-$140 trilhões, e o mercado de ações global supera os $110 trilhões. Em contraste, o mercado de investimento em ouro e prata físico é uma fração minúscula disso.

 

O ponto de analistas como David Jensen é preciso: se apenas uma pequena fração desse capital global decidir realocar de títulos e ações para o metal físico — digamos, 1% ou 2% — o impacto no preço não seria linear, seria vertical. A reprecificação não é mística; é um problema de fluxo de capital versus escassez de ativos.

 

O Squeeze da Prata: Quando o Papel Encontra a Escassez

Enquanto debatemos teorias monetárias, o "encanamento" do mercado físico já está rangendo. Relatórios da Reuters e análises independentes documentaram um aperto de liquidez severo no mercado de prata de Londres (LBMA), com estoques "livres" (não alocados) perigosamente baixos.

 

O UBS projeta um déficit estrutural no mercado de prata para 2026 na ordem de quase 300 milhões de onças, dentro de um quadro de demanda total de 1,34 bilhão de onças. Com déficits persistentes por cinco anos consecutivos, a desconexão entre o preço de "papel" (manipulado por derivativos) e a realidade física está se tornando insustentável.

 

Se um conceito de liquidação referenciado em ouro (como o UNIT) ganhar tração ao mesmo tempo em que a escassez física em Londres e na COMEX se tornar inegável, teremos o cenário perfeito para um feedback loop positivo:

Mais demanda por liquidação física → Mais estresse nos estoques → Preços mais altos → Mais demanda por proteção.

Os bancos de metais (bullion banks) podem continuar tentando "falar o preço para baixo" e rolar seus contratos de papel para gerenciar a confiança, mas eles não podem imprimir metal. A direção da viagem é clara: o mundo está experimentando liquidações fora do dólar, o ouro está voltando ao centro da conversa monetária, e a prata é o mercado minúsculo com o maior potencial de alavancagem explosiva ("torque") nesse novo cenário.

---

Quer antecipar os movimentos do Smart Money?

Esta análise é apenas a ponta do iceberg. Membros Premium da ExpertFX School recebem insights diários, análises premium aprofundadas e acesso direto ao nosso grupo fechado no Telegram, onde discutimos o mercado em tempo real.

Não opere com base em ruído. Opere com base em inteligência.

Acesse seu dashboard e torne-se Premium agora: https://expertfxschool.com/dashboard